13 setembro 2021

Construção de fragatas ainda tem oportunidades para indústria local

SPE Águas Azuis detalhou itens de equipamentos e serviços já selecionados e a serem contratados pelo construtor e pelo estaleiro, em diferentes níveis. Entre itens em aberto, planta elétrica, tubulações e válvulas diversas


Fragata Classe Tamandaré

Por Danilo Oliveira - Portos e Navios

O programa para obtenção de fragatas classe Tamandaré (PFCT) ainda apresenta uma série de oportunidades para empresas da base industrial naval e da base industrial de defesa do Brasil. A sociedade de propósito específico (SPE) Águas Azuis e o estaleiro Brasil Sul (SC), onde as quatro unidades contratadas pela Marinha serão construídas, já fechou alguns itens e continua a discutir e a buscar fornecedores de equipamentos e serviços, no Brasil e no exterior, conforme os critérios de competitividade e de conteúdo local especificados pela força naval. A expectativa é que o estaleiro inicie as atividades de construção no começo de 2022.

“Em todos os processos fazemos essa procura. É uma etapa de compliance que a empresa precisa fazer, onde buscamos fornecedores internacionais e alternativas. Comparamos e decidimos a melhor solução — com pilares e critérios diversos: comerciais, técnicos, engenharia, qualidade e conteúdo local”, afirmou o CEO Águas Azuis, Fernando Queiroz, na última semana, durante evento com representantes de fornecedores locais no estaleiro Brasil Sul, em Itajaí (SC), promovido pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron).

Na ocasião, ele ressaltou que, por mais que parte da engenharia dos itens contratados seja feita no exterior, as filiais brasileiras podem atuar pela troca de conhecimentos e oportunidades de ampliar o conteúdo local dos componentes do projeto. O CEO falou que a SPE Águas Azuis estimula empresas locais, com matrizes ou parcerias internacionais, a unirem esforços buscando a participação no programa e a trazer conteúdo e oportunidades para serem fabricados mais componentes no Brasil.

“Peço que não sejam apenas a Thyssenkrupp, Embraer e a Águas Azuis brigando por esse conteúdo. Contamos com as empresas nacionais também brigando para trazer atividade para sua planta aqui para, uma vez aqui, trazermos maturidade para a indústria”, disse Queiroz. Ele acrescentou que existem pacotes de fornecedores estrangeiros que incluem fornecedores de componentes do Brasil.

Estaleiro Brasil Sul (SC), antigo Oceana, foi adquirido pela Thyssenkrupp para construção de fragatas (Arquivo/Divulgação)

Queiroz citou empresas brasileiras que foram competitivas e conseguiram ser selecionadas para o projeto em concorrências com participação, inclusive disputando com empresas estrangeiras. “Pedimos para que as empresas brasileiras aceitem o desafio e vejam com interesse as oportunidades geradas com essas quatro [unidades contratadas], mais a visão de futuro com potencial necessidade de mais navios e a operação com toda demanda durante 30 anos de operação e vida do navio”, elencou.

O PFCT prevê 31,75% de conteúdo local mínimo para a primeira fragata, passando para a meta de 40,50% nas demais unidades, considerando materiais, serviços e mão de obra. A Emgepron e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmaram acordo para o acompanhamento e aferição do conteúdo local utilizando a metodologia do banco. Além do conteúdo local, a Marinha especificou para os quatro navios gestão do conhecimento, transferência de tecnologia e inserção da mentalidade da gestão do ciclo de vida, bem como a retenção de conhecimento local para permitir autonomia quanto à gestão do navio.

Clique na imagem para ampliar

A SPE Águas Azuis é formada pela thyssenkrupp Marine Systems, com 75% de participação na sociedade, e pelo grupo Embraer (25%), dos quais a Embraer Defesa & Segurança tem 12% e a Atech 13%. A Thyssenkrupp, líder da SPE, tem a maior parcela na parte de projeto, engenharia e conhecimento naval. Confira abaixo as oportunidades já selecionadas e outras que estão em aberto (sujeitas a modificações e/ou atualizações dos contratantes durante o processo):

Oportunidades fechadas


  • CMS e IPMS — Atech;
  • Propulsores principais — MAN do Brasil;
  • Raytheon do Brasil — Sistema de navegação;
  • Sistema de extinção de incêndio — Johnson Controls do Brasil;
  • Sistema de climatização — Heinen & Hopman do Brasil;
  • Sistema de comunicação interno e externo — Rohde & Schwarz;
  • Medidas de apoio à guerra eletrônica (MAGE) — Omnisys;
  • Guindaste de Hangar — Strauhs;
  • Embarcações miúdas — DGS;
  • Cilindros (vasos de pressão) — Cigtech;
  • Proteção catódica — ICM;
  • Compressores — Sauer;
  • Bombas — Netzsch e Asvac;
  • Tintas — Jotun;
  • Isolamento térmico para tubulações e equipamentos — Acital;
  • Máquina de suspender, cabrestantes e RAS capstan — Strauhs;
  • Mesa cirúrgica e foco cirúrgico — AFAC;
  • Grupo gerador — MTU;

Oportunidades em aberto


  • Planta elétrica (em discussão) — Queiroz contou que existe um pré-contrato com um grande fornecedor elétrico, que precisará aliar o conhecimento com demanda e necessidade de conteúdo local (componentes);
  • Grupo gerador* — MTU (fechado), com previsão de alternador Weg (em análise);
  • Tubulações e acessórios (flanges e colares);
  • Proteção balística;
  • Válvulas diversas;
  • Escadas em geral e escadas tipo prancha (gangway);
  • Casulo para balsas salva-vidas, balsa salva-vidas e equipamentos de salvatagem diversos;
  • Fundição de aço e usinagem (peças pra montagem dos navios em si);
  • Módulos para sistemas de comunicação;
  • Escotilhas e porta de visita;
  • Sinos e gongos;
  • Âncoras e amarras;
  • Espaços habitáveis e espaços de cozinha (nível industrial);
  • Espaços de lavanderia (nível industrial);
  • Workshop (equipamentos, ferramentas e maquinários diversos);
  • Sistema de reabastecimento em mar;
  • Manufatura e instalação de sistemas de exaustão (mão de obra, fabricação, instalação);
  • Ammunition crane (guindaste para movimentação de guarnição);
  • Torpedo Stowage System;
  • Equipamentos de controle de avarias;

Oportunidades estaleiro (serviços)


  • Calibração de instrumentos;
  • Serviços de medição de ruído e vibração;
  • Ensaios não destrutivos – ultrassom;
  • Ensaios não destrutivos – gamagrafia;
  • Ensaios não destrutivos – líquido penetrante;
  • Ensaios não destrutivos – partículas magnéticas;
  • Usinagem de corpos de prova para ensaios mecânicos;
  • Testes de carga (guindastes e pontes);
  • Serviços de mergulho – inspeção de sistema de propulsão e casco;
  • Serviços para indústria metal-mecânica (usinagem, estruturas, etc) para navio e estaleiro;
  • Mão de obra – pintura (tubulação, elétrica, carpintaria);
  • Ativos (alguns galpões modulares, elementos metálicos, equipamentos etc);


FONTE: SINAVAL

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia também