08 setembro 2019

UNITAS 2019 é exemplo de integração e interoperabilidade entre marinhas

O Brasil foi o anfitrião do mais antigo exercício marítimo do hemisfério ocidental


Dois helicópteros da Marinha do Brasil se preparam para decolar, tendo ao fundo o hospital de campanha expedicionário montado especialmente para o UNITAS 2019. (Foto: Wagner Ziegelmeyer, Estúdio Cria)

Por Marcos Ommati

Uma operação de guerra, só que voltada para a ajuda humanitária e auxílio pós-desastre: essa foi a premissa do exercício marítimo multinacional UNITAS 2019, este ano em sua 60ª versão e encerrado em 30 de agosto. O cenário foi o Rio de Janeiro.

Militares brasileiros aportam na Ilha da Marambaia, saindo da Embarcação de Desembarque de Carga Geral da MB (L20). (Foto: Wagner Ziegelmeyer, Estúdio Cria)

A operação UNITAS 2019, cujo objetivo principal foi desenvolver uma força-tarefa marítima multinacional, ocorreu em duas etapas: uma marítima – LANT – e outra anfíbia – AMPHIBIOUS –. Na fase de mar, entre os dias 22 e 30 de agosto, foram executados exercícios voltados a ações de superfície, aéreas, de guerra eletrônica e operações de interdição marítima.

Na segunda etapa, entre os dias 27 e 30 de agosto, foi realizada a simulação de ajuda humanitária na Ilha da Marambaia, ao sul do estado do Rio de Janeiro. Além do Brasil, participaram meios e delegações da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos (país organizador da UNITAS desde 1959), México, Panamá, Paraguai, Peru e Reino Unido; Japão e Portugal participaram como observadores.

O exercício mobilizou, ao todo, 10 navios brasileiros e quatro de outros países, diversas aeronaves de asa fixa e rotativa, um grupo de controle do exercício (Combined Exercise Scenario Control Group), além dos apoios em terra, contabilizando mais de 3.300 militares. “Treinamos de maneira o mais próximo da realidade possível, inclusive utilizando membros das comunidades locais do país que poderemos, eventualmente, ajudar no futuro. Esse treinamento pode ser utilizado em qualquer país, em qualquer situação humanitária, em qualquer lugar do globo”, disse o Almirante de Esquadra Leonardo Puntel, comandante de Operações Navais da Marinha do Brasil (MB).

Força-Tarefa Marinha Aeroterrestre para Fins Especiais


Além do navio USS Carter Hall, Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf), dos Landing Craft Air Cushion (LCAC - Hovercraft, em inglês) e centenas de militares, os Estados Unidos participaram da UNITAS LX com uma Força-Tarefa Marinha Aeroterrestre para Fins Especiais (SP-MAGTF, em inglês), unidade multinacional de forças especiais baseada em Honduras, mas que pode ser destacada para realizar ações específicas na área de atuação do Comando Sul dos EUA, que compreende as Américas Central, do Sul e o Caribe. “A UNITAS 2019 é uma oportunidade incrível para o Corpo de Fuzileiros Navais – e em especial para a SP-MAGTF – de trabalhar com as nossas nações parceiras neste enorme exercício de nível estratégico, e realmente fazer o que eles precisam fazer para concluir a sua missão. É uma situação onde todos saem ganhando, tanto o nosso Corpo de Fuzileiros Navais como as nações parceiras”, disse o Contra-Almirante (FN) Michael F. Fahey III, comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, Sul dos EUA.

Dois veículos LCAC americanos se aproximam do litoral da Ilha da Marambaia, como parte do exercício UNITAS 2019. (Foto: Wagner Ziegelmeyer, Estúdio Cria)

No dia 27, foi realizado, no Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia da MB, um exercício que simulava o envio de uma força-tarefa de ajuda humanitária composta por militares da Argentina, do Brasil, da Colômbia, do Equador, dos Estados Unidos, do Peru e do Paraguai a um país fictício devastado por um furacão. 

Embarcações de apoio


Com estradas e aeroportos destruídos, a única maneira de chegar ao lugar foi pelo mar, deflagrando um desembarque anfíbio. Navios fundeados na costa do país fictício: o Navio-Transporte ARA Bahía San Blas, da Marinha Argentina; o Navio Doca Multipropósito “Bahia” (G40), da MB; e o Navio de Desembarque-Doca USS Carter Hall (LSD-50), da Marinha do EUA, serviram de ponto de suporte para a ajuda humanitária enviada à terra firme.

Cerca de 600 militares participaram desta operação, de acordo com o Vice-Almirante Paulo Martino Zuccaro, comandante da Força dos Fuzileiros da Esquadra do Brasil. Juntamente com equipamentos e outros materiais necessários para realizar uma missão deste porte, esses militares foram transportados por CLAnfs da Marinha Argentina, da MB e da Marinha dos EUA, em uma Embarcação de Desembarque de Carga Geral da MB e em duas LCAC da Marinha americana.

Durante o exercício, os “feridos” foram levados para um hospital de campanha expedicionário montado pela MB. Já a Marinha americana instalou um sistema de purificação de água capaz de gerar até 473 litros (125 galões) de água potável por hora, incluindo um aparato de dessalinização.

Após a cerimônia de encerramento do evento, realizada em 30 de agosto, o Capitão-Tenente (FN) José Negrete, relações públicas do Corpo de Fuzileiros Navais, Sul dos EUA, disse que “o UNITAS LX pode ser considerado um sucesso, já que conseguimos atingir nosso objetivo, que é amplificar os três pilares mais importantes deste exercício, que são: estreitar relações e melhorar a interoperabilidade e a pronta resposta das marinhas das nações amigas participantes do exercício e dos EUA”.

FONTE: Diálogo

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