08 julho 2019

Cadetes brasileiros testam habilidades militares em competição nos Estados Unidos

Os Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras participaram da Sandhurst, na Academia Militar dos EUA, em West Point.


Cadetes da AMAN participaram da Sandhurst, uma competição tradicional de habilidades militares, que aconteceu nos Estados Unidos. (Foto: Exército Brasileiro)

Por Taciana Moury

Cadetes brasileiros da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), do Exército Brasileiro (EB), representaram o Brasil na Sandhurst, competição de habilidades militares, que aconteceu em abril de 2019, na Academia Militar dos Estados Unidos (USMA, em inglês), em West Point. Participaram da atividade equipes de 12 países: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, Grécia, Inglaterra, Japão, México e Polônia, além de 50 equipes dos EUA.

A Sandhurst é uma competição anual que ocorre há 52 anos, com o objetivo de estimular os cadetes a alcançarem a excelência em sua profissão, através de um rigoroso desafio de liderança física e mental. O nome Sandhurst surgiu em alusão à Real Academia Militar de Sandhurst, do Reino Unido, que em 1967 presenteou a USMA com uma espada de oficial britânico. O objetivo era que a espada fosse o prêmio de uma competição que estimulasse o desenvolvimento das habilidades militares entre os cadetes da USMA.

Os cadetes realizaram marchas e várias atividades que desafiaram a liderança física e mental dos competidores. (Foto: Exército Brasileiro)

Essa foi a segunda participação dos alunos da AMAN na Sandhurst. A novidade nesta edição foi a presença de cadetes do quadro feminino na equipe. A delegação do Brasil foi composta por 11 cadetes, sendo cinco do 3° ano – quatro de Infantaria e um de Engenharia –, e seis do 2° ano – quatro de Infantaria e dois do quadro feminino de Material Bélico.

As atividades nos EUA tiveram início com um Congresso Militar, no dia 8 de abril de 2019, onde as equipes internacionais discutiram e compartilharam experiências dentro do tema: “Treinando para vencer a guerra do futuro”. No período de 9 a 11 de abril, os cadetes fizeram o reconhecimento e os últimos ajustes para a competição, que aconteceu nos dias 12 e 13 de abril.

“Os cadetes realizaram uma marcha de 44 quilômetros, equipados com uma mochila pesando aproximadamente 20 quilos. Além disso, competiram nas seguintes atividades: circuito operacional, tiro de pistola, tiro de fuzil, tiro com lançador de granadas, navegação com bote, pista de orientação diurna e noturna, prova de conhecimentos gerais e doutrina, pistas de obstáculos e de transporte de feridos, entre outras tarefas”, contou o Capitão do EB Gabriel Espindola Queiroz Pereira, treinador da equipe da AMAN que participou da competição. “Todas as provas tiveram o objetivo de verificar as habilidades nos quesitos de iniciativa, liderança, rusticidade, persistência, espírito de corpo, camaradagem, coragem, criatividade, concentração e precisão dos cadetes.”

A delegação brasileira passou dois meses se preparando para a Sandhurst. Os treinamentos foram realizados na AMAN, com base na programação prevista para a competição. “Os cadetes treinaram corrida em terrenos e distâncias variadas; pistas de cordas, de pentatlo militar e Rondon; musculação; marchas de 8, 12, 16, 20 e 24 km; circuito operacional; primeiros socorros, entre outras atividades”, disse o Cap Queiroz. “Aulas de inglês e um acompanhamento direcionado de uma nutricionista também foram disponibilizados aos cadetes competidores.”

A Cadete da AMAN Vitória Bezerra Costa, da equipe brasileira, recebeu instruções durante a Sandhurst. (Foto: Exército Brasileiro)

Desenvolvimento operacional

Para o Cadete da AMAN Edgar Vianna Werneck de Castilho Daniel, aluno do 3° ano do curso de Infantaria, a participação na Sandhurst contribuiu com diversos atributos necessários à sua formação profissional, principalmente como oficial comandante de pequenas frações.

“É uma competição desafiadora que testa os limites de todos os que participam dela. Durante a competição, atuei como líder de esquadrão. Poder comandar um grupo de militares em situação adversa desenvolve a liderança e o espírito de corpo. Além disso, durante as atividades evidenciamos as dificuldades de comandar uma fração, o que permite aprendizados em uma situação que não envolve risco real, mas se aproxima bastante da realidade”, revelou o Cad Castilho, que participou pela segunda vez da competição.

Segundo o Cap Queiroz, a Sandhurst traz benefícios tanto para o desenvolvimento operacional dos alunos, quanto em relação à integração com outros cadetes estrangeiros. “O desafio é ainda maior na medida em que ela acontece em um ambiente, idioma e clima diferentes do que estão acostumados”, reforçou. “A competição é também um meio de divulgação do método de formação do cadete brasileiro na AMAN.”

A Cadete da AMAN Vitória Bezerra Costa, aluna do 2º ano do curso de Material Bélico, destacou à Diálogo o privilégio de participar da primeira equipe composta só por cadetes da AMAN, em uma competição militar de alto nível. “Meu maior desafio pessoal foi a preparação, mas acredito que o maior desafio da equipe tenha sido entender a sistemática de cobrança da competição”, contou a Cad Vitória.

Para ela, a experiência foi uma grande oportunidade de aprimoramento técnico-profissional na carreira e de relevante importância na sua formação como futuro oficial combatente do EB. “Tivemos a chance de interagir com os demais cadetes de outras academias, trocar experiências e conhecer mais sobre as diversas culturas e costumes ali presentes, o que nos engrandeceu bastante pessoal e profissionalmente.”

“Mesmo sendo de culturas diferentes e falando idiomas variados, não houve obstáculos para a comunicação. Fizemos amizades com cadetes de diferentes nacionalidades”, destacou o Cad Castilho. “Além de ser uma competição que exige um bom preparo físico, também é dada muita importância para a área cognitiva. A equipe recebe missões e tem que planejar como cumpri-las de maneira eficiente e rápida, tudo isso sob o efeito do cansaço físico e estresse.”

FONTE: Diálogo

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